De acordo com dados registrados entre janeiro e dezembro de 2022, o Brasil foi o segundo país que mais sofreu ataques cibernéticos, com um total de 103 bilhões de tentativas. Novas modalidades de fraude são criadas constantemente, tornando essencial o investimento em segurança cibernética. Na América Latina, o Brasil ocupa a segunda posição em número de tentativas, ficando atrás apenas do México.
O delegado Carlos Afonso Gonçalves, da Divisão de Crimes Cibernéticos do Deic, destaca que a polícia está constantemente se atualizando devido à migração da criminalidade para o mundo digital durante a pandemia. Anteriormente, um criminoso precisava de uma arma, um parceiro e uma moto para obter R$ 5 mil, correndo o risco de uma pena de 30 a 35 anos em caso de latrocínio. Agora, esse mesmo valor pode ser obtido com o envio de 5 mil e-mails, adquiridos por R$ 40, e basta que alguém clique para que o criminoso obtenha sucesso.
Diante do crescimento dessas ações, o então governador de São Paulo, João Doria, criou a primeira delegacia de crimes cibernéticos do Brasil. A existência dessa delegacia é considerada de extrema importância para prevenir a ocorrência de novos crimes. Além disso, é essencial o compartilhamento de informações entre empresas e instituições privadas, a fim de evitar que outras instituições sejam vítimas de crimes cibernéticos.
Uma das maiores preocupações dos especialistas é a falta de punição para os criminosos. O advogado especialista em direito digital, Renato Opice Blum, ressalta a necessidade de não haver uma sensação de impunidade. É crucial que haja medidas que inibam a conduta criminosa e que as consequências, como a necessidade de indenização, sejam proporcionais aos danos causados.
Recentemente, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou a proibição de acesso à internet para acusados de crimes cibernéticos, como uma tentativa de lidar com essa questão.
