Alta provoca ‘fuga’ de motoristas de aplicativo e taxistas pedem reajuste em Rio Preto

Três em cada dez motoristas de transporte por aplicativo pretendem abandonar a profissão por causa do aumento de 18,7% no valor do litro da gasolina. A estimativa é da associação que reúne condutores do setor. Também pressionado pela alta dos combustíveis, o Sindicato dos Taxistas de Rio Preto cobra da Prefeitura o reajuste da tabela de tarifa de viagens, defasada em sete anos.

Desde a última semana, o preço médio de venda da gasolina para as distribuidoras passou de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro. Nos postos de Rio Preto, o valor do litro do combustível varia entre R$ 5,969 a R$ 6,899.

Há possibilidade de troca da gasolina pelo etanol, mas os motoristas dizem que a diferença de preço entre os dois combustíveis não têm compensado. O valor do etanol varia de R$ 4,299 a R$ 4,699 em Rio Preto.

Segundo o movimento de motoristas de aplicativo, atualmente são sete mil cadastrados nas duas principais empresas, mas apenas 2,5 mil estão na ativa. Uma das lideranças do movimento, Marcus Vinicius Scarpelli, afirma que aproximadamente 30% deles já manifestaram a intenção de desistir da profissão para arrumar outra forma de ganhar dinheiro.

“Muitos motoristas pensam em abandonar o barco, porque bancar esse custo por dia com o novo preço do combustível não está compensando. Em breve vai ficar difícil pedir viagem pelo aplicativo”, diz o motorista.

De acordo com Marcos, parte dos motoristas não tem veículo próprio e tem de recorrer ao aluguel de carros para trabalhar. Pagam em média R$ 1,8 mil por mês, o que os obriga a rodas pelas ruas de Rio Preto por mais horas por dia para conseguir bancar o custo.

Outra liderança do setor, Cesar Augusto Merlin afirma que o reajuste dos combustíveis forçou os motoristas a voltar a recusar viagens em que o cliente está longe. “O cliente pede uma viagem e quem está a mais de 3 quilômetros de distância não aceita, porque as empresas de aplicativo não pagam pelo quilômetro rodado neste deslocamento. Com a gasolina a quase R$ 7, tem que pensar duas vezes se compensa”, afirma Cesar.

Há três anos na profissão, o motorista de aplicativo Nilson Julio Marçal caça os preços mais baixos e promoções de combustível pela cidade para continuar a trabalhar. “Eu procuro o posto mais em conta. Tem aqueles aplicativos de postos que voltam em cashback e depois devolve um valor. Hoje, nós motoristas de aplicativo estamos tentando sobreviver”, reclama o motorista.

Os motoristas do setor reclamam que as duas principais empresas de aplicativo cobram porcentagens altas sobre cada viagem realizada, o que também tem causado desânimo. Para contornar essa situação, os motoristas têm aderido a empresas alternativas de aplicativo, que cobram taxas menores.

Tabela defasada

O presidente do Sindicato dos Taxistas de Rio Preto, André Luis Cabelo, afirma que o último aumento do preço de combustível tornou urgente a Prefeitura iniciar o processo de reajuste. O valor da tarifa é de R$ 3,40 por quilometro rodada, pela bandeira 1, a mais baixa.

“Estamos com uma tarifa defasada há sete anos. Desde o ano passado pedimos o reajuste. Com esse novo aumento dos combustíveis, reforçamos o pedido, mas até agora não recebemos resposta”, diz o presidente.

Durante os sete anos, além de enfrentar o aumento do preço da gasolina e do etanol, a categoria teve de conviver com a concorrência com os motoristas de aplicativo.

Segundo Cabelo, outro complicador é a pandemia, que causou a desistência de parte dos taxistas, em geral os mais velhos, que saíram do ramo devido à idade, e o medo de serem contaminados pelo coronavírus.

Cabelo afirma que o sindicato aguardou de forma paciente o reajuste durante os últimos dois anos, por entenderem que não havia condições econômicas de correção de tabela de preços, mas com a retomada das atividades acredita ser o momento adequado de corrigir os valores.

O processo de reajuste da tarifa é determinada pela Prefeitura, após a entidade de classe apresentar uma tabela de custo dos táxis. Com base neste dado, o governo estabelece o valor. Cabelo diz que a defasagem chega a 80%, mas acredita que vai conseguir apenas 15% de reajuste. (MAS)

Empresas reajustam preços

Depois do reajuste dos combustíveis, as duas principais empresas de transporte por aplicativo fizeram reajustes de tarifa para o consumidor. A Uber reajustou em 6,5% e a 99 em 5%, desde a sexta-feira passada.

Por meio de nota, a Uber afirmou que o aumento visa ajudar os motoristas a lidar com o pico de alta em seus custos operacionais.

Como sempre, os usuários poderão conferir no app as modalidades disponíveis e o preço exato antes de pedir uma viagem.

“Concomitante a essas medidas, é importante frisar que a Uber foi a primeira e atualmente é a única plataforma que oferece a seus parceiros, em todo o País, a possibilidade de ter desconto no combustível. Pagando com o Cartão Uber no app abastece-aí, o motorista parceiro tem 4% de cashback em cada abastecimento,” informou a empresa em nota.

A 99 informou que os 5% de reajuste por quilômetro rodado serão aplicados em todas as 1,6 mil cidades em que opera no Brasil.

Fonte: Diário da Região 

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